Desde a sua criação, o aglomerado heterogêneo de grupos que compõem o anarquismo, gerou e difundiu milhões de folhas por todo o mundo, tanto para divulgar suas ideias como para facilitar o desenvolvimento cultural de homens e mulheres de seu tempo. Estas foram as razões fundamentais de sua existência passada e de sua urgente necessidade presente.
A América Latina não escapou deste processo. Muitos milhares de livros, folhetos, revistas e jornais foram editados desde o subcontinente, com especial força entre as últimas décadas dos séculos XIX e as quatro primeiras do século XX. E embora depois de várias tentativas notáveis, especialmente em Buenos Aires, apenas desde os anos noventa do século passado temos sido capazes de contemplar e desfrutar de um ressurgimento de iniciativas de propaganda.
A região chilena não ficou indiferente a tudo isso. Se fizermos um breve comentário ao passado da literatura impressa libertária – além de mencionar os cinquenta jornais que existiam nestas terras – podemos destacar valiosas editoras, como o “Lux”, em Santiago, “Adelante” em Rancagua, ou “Mas Allá” em Valparaíso, entre muitos outros. Lux, vinculada a IWW, entre 1920 e 1927 publicou vários títulos com milhares de cópias, reconhecendo a criação de alguns companheiros locais, como o poeta mártir José Domingo Gómez Rojas, o professor normalista Manuel Márquez, o IWW Armando Triviño, ou a companheira anarco-feminista Evangelina Arratia, editou também a outros agitadores da América Latina, como Juana Rouco Buela, e também aos clássicos de Emma Goldman, Kropotkin, Fauré, Mella ou Malatesta. Em 1922, por exemplo, após uma campanha de arrecadação voluntária; das oficinas da Lux saíram 4000 exemplares de “La Conquista del Pan”
Mas, como apontado acima, a propaganda dos anarquistas é também uma questão de urgente atualidade. Nossas diversas ideias, com as nossas diferentes tendências, estão ganhando alguma notoriedade nos últimos anos. Aparentemente, estamos no meio de um novo amanhecer. E contamos com várias editoras, com jornais, fanzines e mesmo uma vídeo-revista. Criações que são distribuídas em bibliotecas, alguns quiosques e especialmente através de atividades, manifestações e nas feiras de propaganda por toda parte.
O que nunca tivemos isso sim, é um grande encontro dedicado especialmente ao livro e à propaganda anarquista. Esta iniciativa pretende ser um ponto de convergência para os vários geradores deste material, para que se conheçam e reforcem uns aos outros se assim o gostam, mas acima de tudo, para oferecer aos companheiros e aos interessados em geral, uma visão geral do que nós estamos fazendo. Para propagar, para estimular a produção, para nos conhecermos, retroalimentar-nos, para compartilhar, para escapar dos circuitos de cultura institucional, para nos auto-educar. Por tudo isto e muito mais, nos encontraremos, na 1ª Feira do Livro e Propaganda Anarquista em Santiago.
Por agora, podemos anunciar que para além dos estandes que cada iniciativa terá, haverá espaço para a arte, música, história e reflexão teórica. Teremos também a presença de companheiros de outras regiões. Convidamos você, então, primeiro a dar um passeio lá, mas com maior intensidade, a participar ativamente na feira, divulgando-a, indo para as atividades de financiamento, ou gerando iniciativas, fóruns, exposições, expressões – para a mesma.
Nos vemos logo, na festa da cultura e da propaganda anarquista.
O grupo coordenador
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